A gestão da causa pública deve contar com a participação das pessoas. Mas é preciso pedir e valorizar essas opiniões, pois nenhum autarca sabe tudo
Nem sempre um político representa, na sua plenitude, quem o elege. Aliás, salvo honrosas excepções, na maior parte dos casos o eleito esquece rapidamente as promessas e os pedidos dos eleitores e, alicerçando-se no poder que lhe acaba de ser concedido pelo voto, passa a pensar apenas pela sua própria cabeça.
Explicações para essa alteração comportamental são muitas e variadas. Seja porque não se tem confiança na equipa que dirige ou, pior, porque se julga acima da realidade. As vitórias eleitorais aumentam o ego de quem as conquista e, como se sabe, o homem tem tendência para ouvir quem lhe diz que 'sim' e colocar de lado quem lhe diz que 'não' ou tem dúvidas. Esse paradigma tem de ser, forçosamente, alterado.
É por isso que o processo da 'marca Nazaré' tem méritos que convinha aplicar em muitos pontos da política local e regional. É inquestionável que é da discussão que, por vezes, brotam as boas ideias. E que todos devem ser envolvidos nas questões que dizem respeito ao colectivo e que, por vezes, são resolvidas nos corredores do poder. A gestão da causa pública obriga a decisões transparentes e claras, sob pena de não haver confiança no regime. Por isso, há que dar os parabéns à equipa do IPL responsável pelo estudo, porque chamou alguns representantes das chamadas "forças vivas" do concelho. E chamou alguns, porque seria impraticável chamar todos, por muito que isso custe a alguns que, neste caso, ficaram de "fora" e noutros momentos já estiveram "dentro".
O resultado do estudo da 'marca Nazaré', que será divulgado em Janeiro do próximo ano, pode não agradar a todos os nazarenos, pelo simples facto de que todas as pessoas são diferentes e têm visões distintas do mesmo assunto. Mas, qualquer que seja o resultado, tem uma virtude em comparação com outros estudos do género: não se refugiou nas malfadadas sessões públicas a que ninguém comparece e em que ninguém fala. Antes optou por uma metodologia aberta à discussão e ao fluxo de pensamentos. E isso é algo com que muitos autarcas e gestores públicos deveriam aprender. Assim evitariam algumas das atrocidades que vão cometendo.
segunda-feira, 10 de novembro de 2008
segunda-feira, 22 de setembro de 2008
Uma Caixa de Pandora
De como um cemitério pode abrir caminho ao funeral de um político
Uns dias depois de o Governo do PS, com a anuência de vários municípios de cores distintas, ter "oferecido" milhões ao Oeste, a Câmara da Nazaré apresta-se para anunciar mais uma obra estruturante. Com a ironia só ao nível de um camafeu disfarçado de político que anda por aí de "boleia" pela nossa praça, poder-se-ia falar de mais um parque subterrâneo, mas como o assunto é muito sério o melhor é elevar o nível. Falo do futuro cemitério da Nazaré, que o presidente da Câmara admitiu vir a pretender criar, assim que o espaço para ampliação do cemitério da Pederneira chegue ao fim dos dias.
Este é um assunto que não pode ser discutido de ânimo leve.
Confesso que não tinha a noção de que Jorge Barroso fosse tão progressista ao ponto de abdicar do cemitério de todos os nazarenos, ainda para mais para permitir que, uns metros ao lado, fosse construído um condomínio privado. Mas, afinal, onde está a minha admiração?
Admito que tinha a ideia de que o presidente da Câmara teria mais sensibilidade para lidar com questões que podem vir a afectar gerações de nazarenos e nazarenas que, todos os dias, se deslocam à Pederneira para visitar os restos mortais daqueles que amavam. E nem os sucessivos "apelos" do "paleco" Reinaldo Silva sobre a importância cultural que o cemitério da Pederneira tem para a população o fizeram vacilar. O autarca nem se coibiu de, tão magistralmente como costuma fazer, atacar a oposição por querer comprar um terreno "de primeira" em termos turísticos, que iria custar milhares de euros aos cofres da Câmara, mas que defenderia o interesse público e, provavelmente, poderia evitar a eventual contestação popular. "Afinal, somos uma Câmara rica. Compramos tudo", glosou, ainda, Barroso, o qual, obviamente, não escapou às piadas colaterais da compra de votos nas sessões do executivo...
Mas, afinal, o que se passa com Jorge Barroso? O que o fez mudar de um dia para o outro? Que políticos malabaristas são estes que tão depressa acusam alguns de arquitectar planos desconcertantes para eleger presidentes de Câmara e, anos depois, concedem entrevistas elogiosas sobre essas mesmas pessoas, ainda por cima a órgãos, no mínimo, duvidosos e a pseudo-jornalistas com segundas intenções que, curiosamente, têm os mesmos nomes dos visados? Onde isto vai parar? Alguém explica como um indivíduo devidamente identificado pela sociedade pode passar de arqui-rival para braço-direito de um autarca? E, a partir daí, querer condicionar e mandar em tudo, com o beneplácito do chefe. E dizer as maiores barbaridades sobre tudo e mais alguma coisa?
Jorge Barroso pode estar a abrir uma Caixa de Pandora, cujas consequências políticas são difíceis de medir. Ou fáceis. Basta abrir os olhos.
Uns dias depois de o Governo do PS, com a anuência de vários municípios de cores distintas, ter "oferecido" milhões ao Oeste, a Câmara da Nazaré apresta-se para anunciar mais uma obra estruturante. Com a ironia só ao nível de um camafeu disfarçado de político que anda por aí de "boleia" pela nossa praça, poder-se-ia falar de mais um parque subterrâneo, mas como o assunto é muito sério o melhor é elevar o nível. Falo do futuro cemitério da Nazaré, que o presidente da Câmara admitiu vir a pretender criar, assim que o espaço para ampliação do cemitério da Pederneira chegue ao fim dos dias.
Este é um assunto que não pode ser discutido de ânimo leve.
Confesso que não tinha a noção de que Jorge Barroso fosse tão progressista ao ponto de abdicar do cemitério de todos os nazarenos, ainda para mais para permitir que, uns metros ao lado, fosse construído um condomínio privado. Mas, afinal, onde está a minha admiração?
Admito que tinha a ideia de que o presidente da Câmara teria mais sensibilidade para lidar com questões que podem vir a afectar gerações de nazarenos e nazarenas que, todos os dias, se deslocam à Pederneira para visitar os restos mortais daqueles que amavam. E nem os sucessivos "apelos" do "paleco" Reinaldo Silva sobre a importância cultural que o cemitério da Pederneira tem para a população o fizeram vacilar. O autarca nem se coibiu de, tão magistralmente como costuma fazer, atacar a oposição por querer comprar um terreno "de primeira" em termos turísticos, que iria custar milhares de euros aos cofres da Câmara, mas que defenderia o interesse público e, provavelmente, poderia evitar a eventual contestação popular. "Afinal, somos uma Câmara rica. Compramos tudo", glosou, ainda, Barroso, o qual, obviamente, não escapou às piadas colaterais da compra de votos nas sessões do executivo...
Mas, afinal, o que se passa com Jorge Barroso? O que o fez mudar de um dia para o outro? Que políticos malabaristas são estes que tão depressa acusam alguns de arquitectar planos desconcertantes para eleger presidentes de Câmara e, anos depois, concedem entrevistas elogiosas sobre essas mesmas pessoas, ainda por cima a órgãos, no mínimo, duvidosos e a pseudo-jornalistas com segundas intenções que, curiosamente, têm os mesmos nomes dos visados? Onde isto vai parar? Alguém explica como um indivíduo devidamente identificado pela sociedade pode passar de arqui-rival para braço-direito de um autarca? E, a partir daí, querer condicionar e mandar em tudo, com o beneplácito do chefe. E dizer as maiores barbaridades sobre tudo e mais alguma coisa?
Jorge Barroso pode estar a abrir uma Caixa de Pandora, cujas consequências políticas são difíceis de medir. Ou fáceis. Basta abrir os olhos.
segunda-feira, 15 de setembro de 2008
Pensar a Nazaré
Da importância da envolvência dos jovens na política e da chamada dos verdadeiros independentes ao debate de ideias
A integração dos jovens na política é um tema que deve dar que pensar a todos. Aos jovens, desde logo, porque são os principais interessados em cumprir um dever de cidadania do qual não se devem demitir. Aos partidos e aos decisores políticos, porque os quadros partidários não caminham para... jovens e já se percebeu, há muito, que o actual modelo está longe de interessar às populações. Uma simples consulta pelos dados estatísticos das eleições prova-o bem.
Há muitos anos que não há uma renovação dos quadros políticos na Nazaré. Desde que, em Dezembro de 1993, o independente Jorge Barroso chegou ao poder contam-se pelos dedos das mãos as caras, efectivamente, novas na política nazarena. Aliás, nesse aspecto só o PSD deu alguns sinais positivos, com as chamadas de Miguel Sousinha, em 1997, e Mafalda Tavares, em 2005, para os executivos. Do lado do PS, Luís Rolim (provavelmente o melhor vereador de oposição das últimas décadas) e Vítor Esgaio surgiram numa fase em que já tinham carreiras profissionais mais maturadas, mas foi o melhor que se arranjou para jovens.
Ao longo dos anos, o município foi sendo gerido por pessoas que estão "agarradas" aos lugares, quer no poder quer na oposição. Ninguém abdica de nada, porque o interesse pessoal se sobrepõe ao interesse colectivo. As lógicas de manutenção dos privilégios e favores prevalece, facilitando a tarefa dos eleitos em continuarem no poder, mas dificultando a abertura a novas sensibilidades e a maneiras distintas de fazer política. A opção é simples: adere-se, ou não, ao famigerado "sistema".
É urgente mudar o "status quo" na Nazaré e só não vê quem não quer.
Há os que dependem da maioria baseada no PSD e para esses não restam dúvidas de que o que o concelho precisa são 20 anos de Barrosismo. São esses que vão sustentar nova candidatura do presidente da Câmara, que vai para a sétima campanha eleitoral: as duas primeiras pelo PRD, as quatro seguintes em que ganhou e a de 2009 pelo moribundo PSD.
Depois, há os que querem uma mudança. Mas essa é uma maioria silenciosa, que não está disposta a entrar num terreno pantanoso que só atrai os incapazes ou os adeptos do facilitismo. E isso é que é preocupante: o alheamento de novos quadros, com formação superior, obrigados a trabalhar fora do concelho e a quem, com o actual modelo político, nunca lhes será dada a oportunidade de contribuir para o futuro da terra que amam. A não ser que abdiquem de algo, claro está...
É mais que urgente pensar a Nazaré. Não se pode andar para norte só porque alguém, que arquitectou um plano que não foi sufragado nas eleições autárquicas, decide. Podemos chegar à conclusão que devemos, afinal, andar para sul, se estudarmos de forma séria as várias opções e os caminhos a seguir.
Antes de escolherem os candidatos às próximas eleições autárquicas, os partidos a nível local deveriam apostar na diferença no que diz respeito à elaboração dos manifestos. A criação de gabinetes de estudos que contem com a colaboração de verdadeiros independentes é, apenas, uma ideia que deixo em cima da mesa. Nenhum candidato (exceptuando Jorge Barroso) estará preparado para gerir a Câmara quando tomar posse. Qualquer candidato a sério tem de fazer, primeiro, o trabalho de casa, antes de se acometer a uma tarefa desta dimensão. Para isso, terá de elaborar um plano estratégico, o que só será possível com a contribuição da sociedade civil. Se os partidos se abrirem aos jovens e aos independentes, pode ser que haja salvação para esta democracia pseudo-representativa.
A integração dos jovens na política é um tema que deve dar que pensar a todos. Aos jovens, desde logo, porque são os principais interessados em cumprir um dever de cidadania do qual não se devem demitir. Aos partidos e aos decisores políticos, porque os quadros partidários não caminham para... jovens e já se percebeu, há muito, que o actual modelo está longe de interessar às populações. Uma simples consulta pelos dados estatísticos das eleições prova-o bem.
Há muitos anos que não há uma renovação dos quadros políticos na Nazaré. Desde que, em Dezembro de 1993, o independente Jorge Barroso chegou ao poder contam-se pelos dedos das mãos as caras, efectivamente, novas na política nazarena. Aliás, nesse aspecto só o PSD deu alguns sinais positivos, com as chamadas de Miguel Sousinha, em 1997, e Mafalda Tavares, em 2005, para os executivos. Do lado do PS, Luís Rolim (provavelmente o melhor vereador de oposição das últimas décadas) e Vítor Esgaio surgiram numa fase em que já tinham carreiras profissionais mais maturadas, mas foi o melhor que se arranjou para jovens.
Ao longo dos anos, o município foi sendo gerido por pessoas que estão "agarradas" aos lugares, quer no poder quer na oposição. Ninguém abdica de nada, porque o interesse pessoal se sobrepõe ao interesse colectivo. As lógicas de manutenção dos privilégios e favores prevalece, facilitando a tarefa dos eleitos em continuarem no poder, mas dificultando a abertura a novas sensibilidades e a maneiras distintas de fazer política. A opção é simples: adere-se, ou não, ao famigerado "sistema".
É urgente mudar o "status quo" na Nazaré e só não vê quem não quer.
Há os que dependem da maioria baseada no PSD e para esses não restam dúvidas de que o que o concelho precisa são 20 anos de Barrosismo. São esses que vão sustentar nova candidatura do presidente da Câmara, que vai para a sétima campanha eleitoral: as duas primeiras pelo PRD, as quatro seguintes em que ganhou e a de 2009 pelo moribundo PSD.
Depois, há os que querem uma mudança. Mas essa é uma maioria silenciosa, que não está disposta a entrar num terreno pantanoso que só atrai os incapazes ou os adeptos do facilitismo. E isso é que é preocupante: o alheamento de novos quadros, com formação superior, obrigados a trabalhar fora do concelho e a quem, com o actual modelo político, nunca lhes será dada a oportunidade de contribuir para o futuro da terra que amam. A não ser que abdiquem de algo, claro está...
É mais que urgente pensar a Nazaré. Não se pode andar para norte só porque alguém, que arquitectou um plano que não foi sufragado nas eleições autárquicas, decide. Podemos chegar à conclusão que devemos, afinal, andar para sul, se estudarmos de forma séria as várias opções e os caminhos a seguir.
Antes de escolherem os candidatos às próximas eleições autárquicas, os partidos a nível local deveriam apostar na diferença no que diz respeito à elaboração dos manifestos. A criação de gabinetes de estudos que contem com a colaboração de verdadeiros independentes é, apenas, uma ideia que deixo em cima da mesa. Nenhum candidato (exceptuando Jorge Barroso) estará preparado para gerir a Câmara quando tomar posse. Qualquer candidato a sério tem de fazer, primeiro, o trabalho de casa, antes de se acometer a uma tarefa desta dimensão. Para isso, terá de elaborar um plano estratégico, o que só será possível com a contribuição da sociedade civil. Se os partidos se abrirem aos jovens e aos independentes, pode ser que haja salvação para esta democracia pseudo-representativa.
domingo, 13 de julho de 2008
As quatro facções do PS
Vítor Esgaio, Walter Chicharro, Isabel Vigia e... António Trindade. Perguntem o que podem fazer pelo PS e não o que o PS pode fazer por vocês.
Ponto prévio: o PS é o único partido organizado na Nazaré (os outros são só para inglês ver). Análise: sendo assim, por que razão é que os senhores que empunham a rosa são incapazes de se entender e criar condições para ganhar eleições autárquicas, já que ganham todas as outras? Conclusão: há militantes mais interessados no que podem ganhar por representarem o partido, do que em servi-lo condignamente.
Ao contrário da leitura imediata que se faz dos resultados nas eleições no PS/Nazaré, a estrutura local não tem três, mas sim quatro facções! Vamos por partes.
A primeira facção é comandada pelo vereador Vítor Esgaio, que escudado nos apoios de Abílio Romão (que alguém considera, e com razão, o verdadeiro líder local do partido) e de Roque Macatrão (ou será Reinaldo Silva?), venceu, à tangente, as eleições.
A segunda corrente é liderada por Walter Chicharro, que talvez tenha perdido o acto eleitoral porque deixou sair um certo professor da sua lista. O deputado municipal quer ser uma lufada de ar fresco, atraiu alguns jovens, mas uma derrota é uma derrota.
No plano interno, falta falar de Isabel Vigia, que fez uma corrida, como os especialistas do atletismo costumam dizer, de trás para a frente. Ficou em último, mas teve mais votos do que muitos esperavam e pode ser o "fiel" da balança.
Resta a quarta facção, que tem origem num não militante. Quer dizer, num ex-militante que nunca deixou, verdadeiramente, de pertencer ao partido. António Trindade pode até ser vereador dos Independentes, mas continua a ser alguém muito respeitado por uma certa franja do partido. Já fez saber que se o PS não o for buscar, avançará novamente com uma lista às próximas autárquicas e esse é um sinal inequívoco de que estamos perante mais uma corrente socialista. A importância de Trindade no universo do PS/Nazaré é tão grande que os vários candidatos à liderança da Concelhia tentaram, directamente ou por interposta pessoa, garantir o seu apoio nas eleições. Oficialmente, sem sucesso. Oficiosamente, com relativo sucesso, ao que consta.
No fundo, estas quatro facções tinham a obrigação de se entenderem, para bem do partido que todos, sem excepção, querem servir. O problema é que as divisões políticas e pessoais são tão grandes, as lutas pelo poder causaram tantos engulhos, que não há acordo possível. O caminho da união no PS é ficcional, o que equivale a dizer que a Câmara vai continuar a ser liderada por um independente que corre com as cores do PSD.
Uma última reflexão. Parafraseando um antigo estadista norte-americano, estes quatro "líderes" de facções do PS deveriam responder ao seguinte desafio: "Pergunta o que podes fazer pelo PS e não o que o PS pode fazer por ti". Talvez o resultado em 2009 fosse diferente do que, tudo indica, vai ser.
Ponto prévio: o PS é o único partido organizado na Nazaré (os outros são só para inglês ver). Análise: sendo assim, por que razão é que os senhores que empunham a rosa são incapazes de se entender e criar condições para ganhar eleições autárquicas, já que ganham todas as outras? Conclusão: há militantes mais interessados no que podem ganhar por representarem o partido, do que em servi-lo condignamente.
Ao contrário da leitura imediata que se faz dos resultados nas eleições no PS/Nazaré, a estrutura local não tem três, mas sim quatro facções! Vamos por partes.
A primeira facção é comandada pelo vereador Vítor Esgaio, que escudado nos apoios de Abílio Romão (que alguém considera, e com razão, o verdadeiro líder local do partido) e de Roque Macatrão (ou será Reinaldo Silva?), venceu, à tangente, as eleições.
A segunda corrente é liderada por Walter Chicharro, que talvez tenha perdido o acto eleitoral porque deixou sair um certo professor da sua lista. O deputado municipal quer ser uma lufada de ar fresco, atraiu alguns jovens, mas uma derrota é uma derrota.
No plano interno, falta falar de Isabel Vigia, que fez uma corrida, como os especialistas do atletismo costumam dizer, de trás para a frente. Ficou em último, mas teve mais votos do que muitos esperavam e pode ser o "fiel" da balança.
Resta a quarta facção, que tem origem num não militante. Quer dizer, num ex-militante que nunca deixou, verdadeiramente, de pertencer ao partido. António Trindade pode até ser vereador dos Independentes, mas continua a ser alguém muito respeitado por uma certa franja do partido. Já fez saber que se o PS não o for buscar, avançará novamente com uma lista às próximas autárquicas e esse é um sinal inequívoco de que estamos perante mais uma corrente socialista. A importância de Trindade no universo do PS/Nazaré é tão grande que os vários candidatos à liderança da Concelhia tentaram, directamente ou por interposta pessoa, garantir o seu apoio nas eleições. Oficialmente, sem sucesso. Oficiosamente, com relativo sucesso, ao que consta.
No fundo, estas quatro facções tinham a obrigação de se entenderem, para bem do partido que todos, sem excepção, querem servir. O problema é que as divisões políticas e pessoais são tão grandes, as lutas pelo poder causaram tantos engulhos, que não há acordo possível. O caminho da união no PS é ficcional, o que equivale a dizer que a Câmara vai continuar a ser liderada por um independente que corre com as cores do PSD.
Uma última reflexão. Parafraseando um antigo estadista norte-americano, estes quatro "líderes" de facções do PS deveriam responder ao seguinte desafio: "Pergunta o que podes fazer pelo PS e não o que o PS pode fazer por ti". Talvez o resultado em 2009 fosse diferente do que, tudo indica, vai ser.
terça-feira, 3 de junho de 2008
A (alegada) estabilidade política
De como o PSD obteve uma maioria absoluta, sem ter de ir a votos
Ao 15º ano de governação da Câmara da Nazaré, Jorge Barroso (PSD) encontrou a "estabilidade política" necessária para concretizar os grandes projectos. É verdade que teve três mandatos consecutivos (entre 1994 e 2005) com maiorias absolutas, mas foi preciso esperar por um mandato em que teve maioria relativa e em que até, imagine-se, se zangou com o vice-presidente Reinaldo Silva para, em poucos meses, encontrar a tal estabilidade política.
O histórico presidente de Câmara, que se prepara para tentar mais uma vitória eleitoral e, com isso, atingir 20 anos em funções, tem demonstrado uma vitalidade que alguns julgavam perdida pelo "cansaço" de poder.
De uma assentada, aproveitou a inabilidade política de um PS sem rumo e de um Grupo de Cidadãos Independentes sem fulgor para evitar a realização de eleições intercalares e, ainda assim, garantir a sua... quarta maioria absoluta. E sem precisar de ir a votos.
Com o argumento gasto de que todos os partidos defenderam, em campanha eleitoral, lutar pelo desenvolvimento, atraiu João Benavente (PS), depois António Salvador (Independentes) e, quando tudo parecia perdido com a renúncia do socialista que presidiu à Câmara da Azambuja, ainda foi capaz de "contratar" José Joaquim Pires (PS). E ainda teve arte e engenho para tentar adquirir os conhecimentos de António Trindade (Independente), só que este não aceitou ou foi impedido de aceitar.
É por isso que não se pode falar em "estabilidade", porque ela só foi conquistada com o recurso a um expediente pouco aceitável em política: a garantia de votos nas reuniões de Câmara, obtendo um apoio e uma solidariedade que, sabe-se, só o dinheiro compra. Afinal, toda a gente tem o seu preço.
Armado com a vantagem de ter um conhecimento dos assuntos mais aprofundado do que os restantes vereadores, Jorge Barroso tem conseguido, aliás, fazer um autêntico "passeio". Chega ao ponto de culpar o Estado pela penalização de que a Câmara foi alvo por exceder o limite de endividamento e, ainda para mais, com um argumento, no mínimo, falacioso. Diz o presidente, que a dívida da Câmara em 2007 se fixou nos 400 mil euros e que o Estado teria de transferir 6oo mil euros, o que, bem feitas as continhas, daria um saldo positivo. Uma penalização injusta, assegura Barroso. O problema é que o chefe do executivo se esqueceu de dizer que as invocadas transferências do Estado não vão servir para pagar dívida. Trata-se de dinheiro relativo, por exemplo, à nova Biblioteca Municipal e, por isso, já "gasto"...
É, também, por estas e outras que Jorge Barroso se mantém e, estou convicto, se manterá em funções até 2013. Uma Oposição que deixa passar em claro afirmações desta magnitude do presidente da Câmara não pode almejar mais do que, em eleições, ser o primeiro dos últimos.
Ao 15º ano de governação da Câmara da Nazaré, Jorge Barroso (PSD) encontrou a "estabilidade política" necessária para concretizar os grandes projectos. É verdade que teve três mandatos consecutivos (entre 1994 e 2005) com maiorias absolutas, mas foi preciso esperar por um mandato em que teve maioria relativa e em que até, imagine-se, se zangou com o vice-presidente Reinaldo Silva para, em poucos meses, encontrar a tal estabilidade política.
O histórico presidente de Câmara, que se prepara para tentar mais uma vitória eleitoral e, com isso, atingir 20 anos em funções, tem demonstrado uma vitalidade que alguns julgavam perdida pelo "cansaço" de poder.
De uma assentada, aproveitou a inabilidade política de um PS sem rumo e de um Grupo de Cidadãos Independentes sem fulgor para evitar a realização de eleições intercalares e, ainda assim, garantir a sua... quarta maioria absoluta. E sem precisar de ir a votos.
Com o argumento gasto de que todos os partidos defenderam, em campanha eleitoral, lutar pelo desenvolvimento, atraiu João Benavente (PS), depois António Salvador (Independentes) e, quando tudo parecia perdido com a renúncia do socialista que presidiu à Câmara da Azambuja, ainda foi capaz de "contratar" José Joaquim Pires (PS). E ainda teve arte e engenho para tentar adquirir os conhecimentos de António Trindade (Independente), só que este não aceitou ou foi impedido de aceitar.
É por isso que não se pode falar em "estabilidade", porque ela só foi conquistada com o recurso a um expediente pouco aceitável em política: a garantia de votos nas reuniões de Câmara, obtendo um apoio e uma solidariedade que, sabe-se, só o dinheiro compra. Afinal, toda a gente tem o seu preço.
Armado com a vantagem de ter um conhecimento dos assuntos mais aprofundado do que os restantes vereadores, Jorge Barroso tem conseguido, aliás, fazer um autêntico "passeio". Chega ao ponto de culpar o Estado pela penalização de que a Câmara foi alvo por exceder o limite de endividamento e, ainda para mais, com um argumento, no mínimo, falacioso. Diz o presidente, que a dívida da Câmara em 2007 se fixou nos 400 mil euros e que o Estado teria de transferir 6oo mil euros, o que, bem feitas as continhas, daria um saldo positivo. Uma penalização injusta, assegura Barroso. O problema é que o chefe do executivo se esqueceu de dizer que as invocadas transferências do Estado não vão servir para pagar dívida. Trata-se de dinheiro relativo, por exemplo, à nova Biblioteca Municipal e, por isso, já "gasto"...
É, também, por estas e outras que Jorge Barroso se mantém e, estou convicto, se manterá em funções até 2013. Uma Oposição que deixa passar em claro afirmações desta magnitude do presidente da Câmara não pode almejar mais do que, em eleições, ser o primeiro dos últimos.
quinta-feira, 8 de maio de 2008
Política à nazarena
O desmontar (se é que isso é possível) do xadrez político que suporta a maioria baseada no PSD. Confuso? É caso para isso...
Ou julgam que somos todos parvos ou, então, está tudo louco. É verdade que, em política, tudo se compra e tudo se vende, mas aquilo a que temos assistido no actual mandato autárquico na Nazaré ultrapassa todos os limites do bom-senso.
Desde que, em meados de 2007, ficou fragilizado com o "despedimento" voluntário ou involuntário do seu vice-presidente de "séculos" Reinaldo Silva, Jorge Barroso mudou, completamente, de estilo.
Foi preciso chegar aos 14 anos em funções de presidente da Câmara para perceber que, afinal, a distribuição de pelouros pela oposição pode, de facto, ser importante. Mais vale tarde, do que nunca! Porém, o que se viria a assistir era algo que os melhores marabalistas da política só podiam achar piada. Senão, vejamos.
Quando se viu acossado, o chefe do executivo municipal nomeou o socialista João Benavente e o independente António Salvador (que nunca deixou de ser, verdadeiramente, militante do PSD, apesar de ter participado num jantar de campanha dos socialistas em 2005, ao lado de... António Trindade) para o auxiliarem nos grandes projectos. Foi então, finalmente então, que a Concelhia socialista apareceu, para atacar a escolha e obrigar o cabeça-de-lista com o pior resultado de sempre no partido na Nazaré a renunciar ao mandato.
João Benavente, contudo, deixou o "legado" ao amigo José Joaquim Pires, que assumiria pelouros no executivo. Isto apesar de o independente, que já tinha sido vereador do... PSD (como isto tudo, afinal, se encaixa...), ter admitido que só integrara a lista do PS devido à amizade com o número 1! No alto da sua sagacidade política, Pires considerava, porém, ter legitimidade para não para trair o eleitorado que nele votou e, tendo direito às mordomias do meio-tempo na Câmara, viabilizou uma inacreditável maioria social-democrata.
Já antes, algo de mais inconcebível acontecera. Ficou para a história a entrevista que Jorge Barroso deu ao "Região da Nazaré", no Verão, na qual aproveitou para elogiar publicamente... António Salvador, o mesmo que, numa das primeiras reuniões do mandato, praticamente chamou de mau arquitecto e que merecia, no entender do presidente da Câmara, ser alvo de uma queixa na Ordem respectiva. Além dos elogios, há outras coisas inolvidáveis dessa entrevista: desde logo, ter sido feita na presença de... António Salvador e conduzida pela esposa deste, Maria Clara Bernardino, que mais tarde seria eleita para a Concelhia do PSD, mas que tinha sido candidata pelos Independentes e, até, pasme-se, sido a "voz" da campanha radiofónica do movimento liderado (?) por António Trindade. Mas ainda não é tudo: as fotos dessa entrevista seriam, curiosamente, tiradas pelo punho de... António Salvador!
O que se seguiria já era esperado: Barroso e Salvador, em nome dos grandes projectos, tornaram-se os melhores amigos do mundo e passaram a partilhar as mesmas visões e preocupações sobre o futuro do concelho. Ao grupo ainda se juntou Pires. Que bonito!
Se a Nazaré fosse uma terra com uma opinião pública atenta, com uma imprensa isenta e que não servisse de suporte para o "reinado" de Jorge Barroso, teria havido o discernimento necessário para a realização de eleições intercalares. Como não houve, alguns que só se representam a eles próprios surgem como figuras incontornáveis do regime. O que vale é que, dentro de um ano, vão ficar a ver navios. Assim vai a política à nazarena.
Ou julgam que somos todos parvos ou, então, está tudo louco. É verdade que, em política, tudo se compra e tudo se vende, mas aquilo a que temos assistido no actual mandato autárquico na Nazaré ultrapassa todos os limites do bom-senso.
Desde que, em meados de 2007, ficou fragilizado com o "despedimento" voluntário ou involuntário do seu vice-presidente de "séculos" Reinaldo Silva, Jorge Barroso mudou, completamente, de estilo.
Foi preciso chegar aos 14 anos em funções de presidente da Câmara para perceber que, afinal, a distribuição de pelouros pela oposição pode, de facto, ser importante. Mais vale tarde, do que nunca! Porém, o que se viria a assistir era algo que os melhores marabalistas da política só podiam achar piada. Senão, vejamos.
Quando se viu acossado, o chefe do executivo municipal nomeou o socialista João Benavente e o independente António Salvador (que nunca deixou de ser, verdadeiramente, militante do PSD, apesar de ter participado num jantar de campanha dos socialistas em 2005, ao lado de... António Trindade) para o auxiliarem nos grandes projectos. Foi então, finalmente então, que a Concelhia socialista apareceu, para atacar a escolha e obrigar o cabeça-de-lista com o pior resultado de sempre no partido na Nazaré a renunciar ao mandato.
João Benavente, contudo, deixou o "legado" ao amigo José Joaquim Pires, que assumiria pelouros no executivo. Isto apesar de o independente, que já tinha sido vereador do... PSD (como isto tudo, afinal, se encaixa...), ter admitido que só integrara a lista do PS devido à amizade com o número 1! No alto da sua sagacidade política, Pires considerava, porém, ter legitimidade para não para trair o eleitorado que nele votou e, tendo direito às mordomias do meio-tempo na Câmara, viabilizou uma inacreditável maioria social-democrata.
Já antes, algo de mais inconcebível acontecera. Ficou para a história a entrevista que Jorge Barroso deu ao "Região da Nazaré", no Verão, na qual aproveitou para elogiar publicamente... António Salvador, o mesmo que, numa das primeiras reuniões do mandato, praticamente chamou de mau arquitecto e que merecia, no entender do presidente da Câmara, ser alvo de uma queixa na Ordem respectiva. Além dos elogios, há outras coisas inolvidáveis dessa entrevista: desde logo, ter sido feita na presença de... António Salvador e conduzida pela esposa deste, Maria Clara Bernardino, que mais tarde seria eleita para a Concelhia do PSD, mas que tinha sido candidata pelos Independentes e, até, pasme-se, sido a "voz" da campanha radiofónica do movimento liderado (?) por António Trindade. Mas ainda não é tudo: as fotos dessa entrevista seriam, curiosamente, tiradas pelo punho de... António Salvador!
O que se seguiria já era esperado: Barroso e Salvador, em nome dos grandes projectos, tornaram-se os melhores amigos do mundo e passaram a partilhar as mesmas visões e preocupações sobre o futuro do concelho. Ao grupo ainda se juntou Pires. Que bonito!
Se a Nazaré fosse uma terra com uma opinião pública atenta, com uma imprensa isenta e que não servisse de suporte para o "reinado" de Jorge Barroso, teria havido o discernimento necessário para a realização de eleições intercalares. Como não houve, alguns que só se representam a eles próprios surgem como figuras incontornáveis do regime. O que vale é que, dentro de um ano, vão ficar a ver navios. Assim vai a política à nazarena.
quarta-feira, 23 de abril de 2008
Governo socialista ajuda... Jorge Barroso
De como beneficiou o presidente da Câmara da continuidade da Região de Turismo Leiria/Fátima.
De recuo em recuo até à vitória final. Este deve ser, por estes dias, o lema de José Sócrates e do Governo do PS. São vários os exemplos de medidas anunciadas que não se confirmam. Disso já muito se falou. Mas casos há em que essas “marchas-atrás” significam, verdadeiramente, boas notícias para o PSD. Como a extinção da Região de Turismo Leiria/Fátima que, afinal, se vai manter intacta.
Se a estrutura regional de turismo fosse extinta, Jorge Barroso, o “líder” do PSD/Nazaré, poderia ter um grave problema para resolver. Miguel Sousinha, que há poucos meses foi eleito para um segundo mandato na Região de Turismo, ficaria “livre” para a política, o que causaria uma enorme “dor de cabeça” para o presidente da Câmara. Onde encaixar uma figura social-democrata tão destacada, se alguns lugares na próxima lista do PSD já estarão prometidos ou, pelo menos, “apalavrados”?
Miguel Sousinha tem perfil, ninguém duvida, de um futuro presidente de Câmara. É jovem, tem boa imprensa e mostrou trabalho como autarca, na Região de Turismo Leiria/Fátima e na Associação Nacional de Regiões de Turismo. Melhor era impossível para o PSD/Nazaré. Mas a vontade de Jorge Barroso de, finalmente, concretizar obras tão importantes como a Área de Localização Empresarial de Valado dos Frades vai levar o independente a tentar mais um mandato.
Era aqui que o chefe do executivo municipal teria um problema, caso Miguel Sousinha ficasse disponível. O perfil e a experiência que o representante do turismo da região granjeou não lhe permitiria ser menos do que vice-presidente da Câmara, e sempre num cenário de, em 2013, ser o cabeça-de-lista, quando Barroso entrasse, verdadeiramente, na reforma.
Porém, com Mafalda Tavares a cumprir (e bem) o tirocínio político no corrente mandato e a ser a única pessoa que se manteve ao lado do presidente da Câmara desde Outubro de 2005 até aos dias de hoje, o mais que provável candidato do PSD teria grande dificuldade em justificar um novo... recuo da jovem advogada na lista “laranja” para, simplesmente, encaixar Sousinha. Assim se percebe como a medida de um Governo socialista pode ser tão útil a um presidente de Câmara do PSD.
Este cenário acabou, porque Miguel Sousinha vai continuar em Leiria e só terá caminho livre em 2013. Mas, até lá, resta, ainda, saber como Barroso vai gerir o convencimento de alguns pseudo-dirigentes do PSD de que vão integrar a lista às próximas autárquicas e as aspirações de alguns aspirantes a figuras públicas, cuja revelância é tão grande como a cabeça de um alfinete. Aceitam-se apostas.
De recuo em recuo até à vitória final. Este deve ser, por estes dias, o lema de José Sócrates e do Governo do PS. São vários os exemplos de medidas anunciadas que não se confirmam. Disso já muito se falou. Mas casos há em que essas “marchas-atrás” significam, verdadeiramente, boas notícias para o PSD. Como a extinção da Região de Turismo Leiria/Fátima que, afinal, se vai manter intacta.
Se a estrutura regional de turismo fosse extinta, Jorge Barroso, o “líder” do PSD/Nazaré, poderia ter um grave problema para resolver. Miguel Sousinha, que há poucos meses foi eleito para um segundo mandato na Região de Turismo, ficaria “livre” para a política, o que causaria uma enorme “dor de cabeça” para o presidente da Câmara. Onde encaixar uma figura social-democrata tão destacada, se alguns lugares na próxima lista do PSD já estarão prometidos ou, pelo menos, “apalavrados”?
Miguel Sousinha tem perfil, ninguém duvida, de um futuro presidente de Câmara. É jovem, tem boa imprensa e mostrou trabalho como autarca, na Região de Turismo Leiria/Fátima e na Associação Nacional de Regiões de Turismo. Melhor era impossível para o PSD/Nazaré. Mas a vontade de Jorge Barroso de, finalmente, concretizar obras tão importantes como a Área de Localização Empresarial de Valado dos Frades vai levar o independente a tentar mais um mandato.
Era aqui que o chefe do executivo municipal teria um problema, caso Miguel Sousinha ficasse disponível. O perfil e a experiência que o representante do turismo da região granjeou não lhe permitiria ser menos do que vice-presidente da Câmara, e sempre num cenário de, em 2013, ser o cabeça-de-lista, quando Barroso entrasse, verdadeiramente, na reforma.
Porém, com Mafalda Tavares a cumprir (e bem) o tirocínio político no corrente mandato e a ser a única pessoa que se manteve ao lado do presidente da Câmara desde Outubro de 2005 até aos dias de hoje, o mais que provável candidato do PSD teria grande dificuldade em justificar um novo... recuo da jovem advogada na lista “laranja” para, simplesmente, encaixar Sousinha. Assim se percebe como a medida de um Governo socialista pode ser tão útil a um presidente de Câmara do PSD.
Este cenário acabou, porque Miguel Sousinha vai continuar em Leiria e só terá caminho livre em 2013. Mas, até lá, resta, ainda, saber como Barroso vai gerir o convencimento de alguns pseudo-dirigentes do PSD de que vão integrar a lista às próximas autárquicas e as aspirações de alguns aspirantes a figuras públicas, cuja revelância é tão grande como a cabeça de um alfinete. Aceitam-se apostas.
quinta-feira, 10 de abril de 2008
As eleições no PS/Nazaré
É possível alguém ganhar eleições mas, ao mesmo tempo, perdê-las? É. Onde? No PS/Nazaré...
A recente eleição de Vítor Esgaio como presidente da Concelhia socialista até pode parecer, aos mais incautos, um triunfo. Mas, na verdade, aquele que, há uns meses, tinha o caminho aberto para ser o candidato "rosa" à Câmara, pode ter dado um verdadeiro tiro nos pés e acabado com as suas legítimas aspirações de ser cabeça-de-lista em 2009.
Ao vencer por apenas dois votos a Concelhia, mas ao perder o Secretariado e a Assembleia Geral de militantes para a lista do deputado municipal Walter Chicharro, Vítor Esgaio ficou praticamente sem margem de manobra. Ganhou, mas perdeu. E, agora, ou mete na "gaveta" alguns dos seus maiores apoiantes e enceta uma aproximação a Walter Chicharro e a Isabel Vigia (que, bem vistas as coisas, também é vencedora, apesar de ter ficado em terceiro lugar nas eleições...), ou arrisca-se a ser um líder a prazo, sem força para impor as suas convicções e aquilo a que chama o seu "projecto" para o concelho.
Ao longo das últimas décadas, os socialistas da Nazaré têm feito tudo aquilo que não se deve fazer em política. Além da falta de capacidade para renovar os quadros do partido, atrair jovens e novos dirigentes de qualidade, foi incapaz de se transformar numa "plataforma" onde os verdadeiros independentes e não os ressabiados se pudessem unir. Para cúmulo, tem vivido num clima de verdadeira "guerrilha" interna que só tem servido para manter Jorge Barroso (o independente que manda no PSD) na cadeira do poder.
O PS/Nazaré deixou de estar, apenas, divido entre a facção de Isabel Vigia e a facção de Abílio Romão (que foi novamente o grande vitorioso destas eleições). Agora, criou-se uma terceira "via", personificada por vários ex-apoiantes da deputada Isabel Vigia, mas também de ex-seguidores da última escolha do presidente da Junta de Famalicão para a candidatura à Câmara, em Outubro de 2005.
Ganhar a Câmara da Nazaré parece ser relativamente fácil para um partido que, tradicionalmente, vence todos os actos eleitorais no concelho. Mas o PS vive tão embrulhado nas suas "guerras" intestinas que se esquece de que a população continua a votar nas autárquicas, apesar de tudo e de tanto tempo, no PSD. E simplesmente porque não vê qualquer alternativa do lado do maior partido do concelho. Por que haverá de ser diferente em 2009?
A recente eleição de Vítor Esgaio como presidente da Concelhia socialista até pode parecer, aos mais incautos, um triunfo. Mas, na verdade, aquele que, há uns meses, tinha o caminho aberto para ser o candidato "rosa" à Câmara, pode ter dado um verdadeiro tiro nos pés e acabado com as suas legítimas aspirações de ser cabeça-de-lista em 2009.
Ao vencer por apenas dois votos a Concelhia, mas ao perder o Secretariado e a Assembleia Geral de militantes para a lista do deputado municipal Walter Chicharro, Vítor Esgaio ficou praticamente sem margem de manobra. Ganhou, mas perdeu. E, agora, ou mete na "gaveta" alguns dos seus maiores apoiantes e enceta uma aproximação a Walter Chicharro e a Isabel Vigia (que, bem vistas as coisas, também é vencedora, apesar de ter ficado em terceiro lugar nas eleições...), ou arrisca-se a ser um líder a prazo, sem força para impor as suas convicções e aquilo a que chama o seu "projecto" para o concelho.
Ao longo das últimas décadas, os socialistas da Nazaré têm feito tudo aquilo que não se deve fazer em política. Além da falta de capacidade para renovar os quadros do partido, atrair jovens e novos dirigentes de qualidade, foi incapaz de se transformar numa "plataforma" onde os verdadeiros independentes e não os ressabiados se pudessem unir. Para cúmulo, tem vivido num clima de verdadeira "guerrilha" interna que só tem servido para manter Jorge Barroso (o independente que manda no PSD) na cadeira do poder.
O PS/Nazaré deixou de estar, apenas, divido entre a facção de Isabel Vigia e a facção de Abílio Romão (que foi novamente o grande vitorioso destas eleições). Agora, criou-se uma terceira "via", personificada por vários ex-apoiantes da deputada Isabel Vigia, mas também de ex-seguidores da última escolha do presidente da Junta de Famalicão para a candidatura à Câmara, em Outubro de 2005.
Ganhar a Câmara da Nazaré parece ser relativamente fácil para um partido que, tradicionalmente, vence todos os actos eleitorais no concelho. Mas o PS vive tão embrulhado nas suas "guerras" intestinas que se esquece de que a população continua a votar nas autárquicas, apesar de tudo e de tanto tempo, no PSD. E simplesmente porque não vê qualquer alternativa do lado do maior partido do concelho. Por que haverá de ser diferente em 2009?
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