domingo, 13 de julho de 2008

As quatro facções do PS

Vítor Esgaio, Walter Chicharro, Isabel Vigia e... António Trindade. Perguntem o que podem fazer pelo PS e não o que o PS pode fazer por vocês.

Ponto prévio: o PS é o único partido organizado na Nazaré (os outros são só para inglês ver). Análise: sendo assim, por que razão é que os senhores que empunham a rosa são incapazes de se entender e criar condições para ganhar eleições autárquicas, já que ganham todas as outras? Conclusão: há militantes mais interessados no que podem ganhar por representarem o partido, do que em servi-lo condignamente.
Ao contrário da leitura imediata que se faz dos resultados nas eleições no PS/Nazaré, a estrutura local não tem três, mas sim quatro facções! Vamos por partes.
A primeira facção é comandada pelo vereador Vítor Esgaio, que escudado nos apoios de Abílio Romão (que alguém considera, e com razão, o verdadeiro líder local do partido) e de Roque Macatrão (ou será Reinaldo Silva?), venceu, à tangente, as eleições.
A segunda corrente é liderada por Walter Chicharro, que talvez tenha perdido o acto eleitoral porque deixou sair um certo professor da sua lista. O deputado municipal quer ser uma lufada de ar fresco, atraiu alguns jovens, mas uma derrota é uma derrota.
No plano interno, falta falar de Isabel Vigia, que fez uma corrida, como os especialistas do atletismo costumam dizer, de trás para a frente. Ficou em último, mas teve mais votos do que muitos esperavam e pode ser o "fiel" da balança.
Resta a quarta facção, que tem origem num não militante. Quer dizer, num ex-militante que nunca deixou, verdadeiramente, de pertencer ao partido. António Trindade pode até ser vereador dos Independentes, mas continua a ser alguém muito respeitado por uma certa franja do partido. Já fez saber que se o PS não o for buscar, avançará novamente com uma lista às próximas autárquicas e esse é um sinal inequívoco de que estamos perante mais uma corrente socialista. A importância de Trindade no universo do PS/Nazaré é tão grande que os vários candidatos à liderança da Concelhia tentaram, directamente ou por interposta pessoa, garantir o seu apoio nas eleições. Oficialmente, sem sucesso. Oficiosamente, com relativo sucesso, ao que consta.
No fundo, estas quatro facções tinham a obrigação de se entenderem, para bem do partido que todos, sem excepção, querem servir. O problema é que as divisões políticas e pessoais são tão grandes, as lutas pelo poder causaram tantos engulhos, que não há acordo possível. O caminho da união no PS é ficcional, o que equivale a dizer que a Câmara vai continuar a ser liderada por um independente que corre com as cores do PSD.
Uma última reflexão. Parafraseando um antigo estadista norte-americano, estes quatro "líderes" de facções do PS deveriam responder ao seguinte desafio: "Pergunta o que podes fazer pelo PS e não o que o PS pode fazer por ti". Talvez o resultado em 2009 fosse diferente do que, tudo indica, vai ser.

1 comentário:

Jarod disse...

Ora aqui está uma opinião bem estruturada, clara e, acima de tudo, simples, sobre um assunto que tem sido para muitos demasiado complexo. Quando numa terra de cegos quem tem um olho é rei, esperemos que todos nós eleitores, possamos ver com os dois olhos nas próximas eleiçoes. Talvez aí possamos deixar de alimentar o nosso Ego com os projectos megalomanos que se(rá que) avizinham, para resolvermos realmente os problemas do munícipio. A Nazaré agradece. E todos nós também.

Abraço Joaquim

Ass. Rui Delgado