Por onde andam os nazarenos e o que querem para o futuro da terra? As próximas eleições vão explicar muita coisa
Agora que são conhecidos todos os candidatos às próximas eleições autárquicas os partidos vão relembrar-se que as populações, afinal, existem. Até 11 de Outubro, os candidatos Jorge Barroso (PSD), Vítor Esgaio (PS), João Paulo Delgado (CDU) e António José Peixe (BE) vão denotar grandes preocupações com as necessidades dos munícipes e discutir, mais uma vez, os projectos para o concelho.
Qualquer que seja o resultado do próximo acto eleitoral, tudo aponta para que a tendência de bipolarização que se faz sentir na Nazaré desde os aos 90 - e que apenas foi interrompida com a chegada do Grupo de Cidadãos Independentes em 2005 - se mantenha. PSD e PS vão lutar pelo poder, comunistas e bloquistas vão lutar pelo melhor resultado possível, ou seja, evitar uma humilhação, o que seria ficar abaixo dos 200 votos.
Nesse sentido, as próximas eleições vão ser resolvidos por aquilo que alguns gostam de chamar de Bloco Central, mas que na Nazaré também se pode apelidar de maioria silenciosa.
Exceptuando aqueles que vivem sob as asas do poder e daí retiram benefícios económicos que dificilmente poderiam augurar no sector privado, restam poucas dúvidas de que existe na esmagadora maioria dos nazarenos uma grande insatisfação para com o comportamento dos nossos autarcas. E o caso não é para menos. Continuamos a receber promessas de desenvolvimento, de turismo de qualidade, mas o que nos espera depois do Verão vai ser catastrófico. A marina vai voltar a ser bandeira eleitoral, tal como foi em 2001 e 2005. E quem sabe se não será em 2013, só que com outros protagonistas?
O independente que subjuga o PSD já entrou para a história como o presidente da Câmara há mais tempo em funções na Nazaré, pois está no poder há uns impensáveis 16 anos e por lá quer ficar mais 4, atingindo o limite imposto pela lei. Contudo, a insatisfação é latente. Até mesmo dentro do PSD, onde várias figuras já tentaram fazer golpes de Estado contra Jorge Barroso, tentando convencer os responsáveis locais para a necessidade de uma alternativa de futuro. O problema é que, depois, essas mesmas figuras sinistras são capazes de se aliarem ao autarca que abominavam e maldiziam. Quando assim é, está tudo dito.
Do lado do PS há novidades. Quer dizer, meias-novidades. Há muito que se sabia que os Independentes se iam aliar aos socialistas, procurando provar as teorias de que, conjuntamente, forçam um bloco político suficientemente forte para derrubar um PSD que ameaça implodir depois das eleições. O grande problema do PS é a forte divisão interna e a falta de credibilidade de muitos socialistas proeminentes. O self made man Vítor Esgaio tem pela frente uma oportunidade de ouro. Contra algumas expectativas, conseguiu ser candidato do PS e ainda atraiu António Trindade para o burgo socialista. Há quem considere esta união estranha, visando apenas o egoísta objectivo de atingir o poder. Pode até ser. Mas, e do outro lado? O cenário não é, ainda, mais escabroso?
Seja como for, quem quiser ganhar as próximas eleições sabe que terá de convencer a maioria silenciosa que fala nos cafés, mas que não age e que, assim, deixa tudo como está.
terça-feira, 30 de junho de 2009
sexta-feira, 5 de junho de 2009
A factura a pagar
Na nossa terra, enquanto houver pão na mesa e bailes de Carnaval, estará tudo bem. O pior vai ser quando cairmos na realidade. Será o momento de pagar uma pesada factura
A falta de participação dos cidadãos na vida política na Nazaré tem muitas consequências no presente, mas terá ainda mais no futuro. Os eleitos não foram, nem são verdadeiramente escrutinados, as suas opções nunca foram verdadeiramente questionadas e, por isso, não nos podemos espantar com o estado a que isto chegou.
Perante uma população amorfa que permite e, por isso, compactua com todos os atropelos institucionais que se conhecem, os "representantes" do povo têm uma grande liberdade de acção, que lhes permite fazer um pouco de tudo, sem que nada lhes aconteça. Os erros acumulam-se, as estratégias desenham-se e voltam a adaptar-se perante as circunstâncias, porque o que importa é manter o poder. Sempre com a justificação de que tudo se faz em prol do desenvolvimento do concelho. Se ainda assim fosse...
A inexistência de uma opinião pública na Nazaré tem muitas explicações possíveis, mas talvez a mais plausível seja até a mais simples: os nazarenos e nazarenas estão-se pouco a borrifar para a comunidade, desde que tenham a comida no prato e continuem as festas e romarias. Querem lá saber das dívidas da Câmara, se o ordenado do filho, do sobrinho ou do afilhado continuar a cair na conta. Aqueles que beneficiam das benesses do poder ficam caladinhos, acenam com a cabeça e recebem o cheque ao fim do mês. Tudo em prol do desenvolvimento, claro está.
O pior virá depois. Sabemos que a Câmara tem uma dívida monumental e que as receitas foram 'maquilhadas' durante anos à custa da construção de blocos de apartamentos e novas urbanizações, enchendo os cofres do município com receitas de licenças e de IMI. O grande problema é que não se usou o 'boom' de receitas que advinham da construção para pôr as contas da Câmara em ordem e acautelar o futuro. Fez-se ainda pior: aumentou-se a dívida mesmo com esse dinheiro e ainda continuamos à espera das grandes obras.
Creio que ainda não nos apercebemos do que vem aí. Depois do Verão, poderemos vir a assistir ao encerramento de algum do pouco comércio que existia na nossa terra. Porque deixámos andar o barco, perdemos o comboio da modernização e da competitividade. Porque continuou a haver comida no prato, empregos para distribuir na Câmara e passagem de ano e Carnaval. Quando chegar a factura é que vai ser o elas.
A falta de participação dos cidadãos na vida política na Nazaré tem muitas consequências no presente, mas terá ainda mais no futuro. Os eleitos não foram, nem são verdadeiramente escrutinados, as suas opções nunca foram verdadeiramente questionadas e, por isso, não nos podemos espantar com o estado a que isto chegou.
Perante uma população amorfa que permite e, por isso, compactua com todos os atropelos institucionais que se conhecem, os "representantes" do povo têm uma grande liberdade de acção, que lhes permite fazer um pouco de tudo, sem que nada lhes aconteça. Os erros acumulam-se, as estratégias desenham-se e voltam a adaptar-se perante as circunstâncias, porque o que importa é manter o poder. Sempre com a justificação de que tudo se faz em prol do desenvolvimento do concelho. Se ainda assim fosse...
A inexistência de uma opinião pública na Nazaré tem muitas explicações possíveis, mas talvez a mais plausível seja até a mais simples: os nazarenos e nazarenas estão-se pouco a borrifar para a comunidade, desde que tenham a comida no prato e continuem as festas e romarias. Querem lá saber das dívidas da Câmara, se o ordenado do filho, do sobrinho ou do afilhado continuar a cair na conta. Aqueles que beneficiam das benesses do poder ficam caladinhos, acenam com a cabeça e recebem o cheque ao fim do mês. Tudo em prol do desenvolvimento, claro está.
O pior virá depois. Sabemos que a Câmara tem uma dívida monumental e que as receitas foram 'maquilhadas' durante anos à custa da construção de blocos de apartamentos e novas urbanizações, enchendo os cofres do município com receitas de licenças e de IMI. O grande problema é que não se usou o 'boom' de receitas que advinham da construção para pôr as contas da Câmara em ordem e acautelar o futuro. Fez-se ainda pior: aumentou-se a dívida mesmo com esse dinheiro e ainda continuamos à espera das grandes obras.
Creio que ainda não nos apercebemos do que vem aí. Depois do Verão, poderemos vir a assistir ao encerramento de algum do pouco comércio que existia na nossa terra. Porque deixámos andar o barco, perdemos o comboio da modernização e da competitividade. Porque continuou a haver comida no prato, empregos para distribuir na Câmara e passagem de ano e Carnaval. Quando chegar a factura é que vai ser o elas.
terça-feira, 21 de abril de 2009
Os amigos que o dinheiro pode comprar
Há quem mude de opinião como quem muda de camisa. Basta haver um cheque ao fim do mês
Depois de muitos meses de ausência (e na sequência dos pedidos de aproximadamente três pessoas), estou de volta a estas lides. Neste período de interregno, nunca me senti verdadeiramente motivado para prosseguir com este espaço e, fundamentalmente, para escrever sobre aquilo que entendo estar mal na minha terra. Uma sábia decisão que terá, possivelmente, surgido pelo simples facto de ter chegado à inapelável conclusão de que denunciar situações menos claras, manipulações de massas, chantagens ou outras que tais, de nada vale na sociedade da Nazaré. Antes pelo contrário, podemos até arranjar bons inimigos, pois claro.
Serve a presente para dizer que abomino todos aqueles que, pelo simples facto de receberem um chequezinho ao fim do mês, se esquecem de tudo aquilo que pensavam e diziam nas ruas, nos cafés ou até nos jornais, sobre o patrão. A palavra pode ser dura, mas é o que sinto. E como sempre me pugnei por escrever aquilo que entendo, embora procurando (sempre que possível) manter a minha independência profissional, quero partilhar com os poucos que têm a paciência de ler estas linhas, a minha repugnância por esses actos. As palavras podem ser duras, mas entendo que devem ser usadas nos locais e nos momentos adequados. Sobre aqueles que se vendem a troco de algumas centenas ou milhares de euros, é o que me apetece dizer. São, no fundo, os melhores amigos que o dinheiro pode comprar. E isso é, verdadeiramente, triste.
Concordo, por isso, quase na totalidade com o apelo que o vereador do PS Vítor Esgaio fez, recentemente, numa reunião de Câmara. Só foi pena que aquele para quem menos se dirigia as palavras, se tivesse insurgido contra as declarações.
A verdade é que, porém, numa sociedade em que a corrupção, o tráfico de influências ou a cunha são vistas com "normalidade", não se pode pedir a quem não tem princípios, que respeite os outros. Há quem faça de tudo para chegar mais alto, esquecendo que ainda maior será o tombo. Nos tempos da outra senhora, aqueles que faziam parte da situação viveram tempos de abastança e segurança, porque protegiam o ditador. Os que, com sacrifício, lutavam pela liberdade, passavam dificuldades e eram perseguidos. Ainda hoje é assim. Quem se "encosta" aos poderosos, quem é capaz de estar bem com Deus e com o Diabo, lá se vai safando, enquanto a Nazaré se afunda e regride no bem-estar social. Como diria um amigo meu: o fácil é estar com o poder. Mas a vida é feita de ciclos. Felizmente.
Depois de muitos meses de ausência (e na sequência dos pedidos de aproximadamente três pessoas), estou de volta a estas lides. Neste período de interregno, nunca me senti verdadeiramente motivado para prosseguir com este espaço e, fundamentalmente, para escrever sobre aquilo que entendo estar mal na minha terra. Uma sábia decisão que terá, possivelmente, surgido pelo simples facto de ter chegado à inapelável conclusão de que denunciar situações menos claras, manipulações de massas, chantagens ou outras que tais, de nada vale na sociedade da Nazaré. Antes pelo contrário, podemos até arranjar bons inimigos, pois claro.
Serve a presente para dizer que abomino todos aqueles que, pelo simples facto de receberem um chequezinho ao fim do mês, se esquecem de tudo aquilo que pensavam e diziam nas ruas, nos cafés ou até nos jornais, sobre o patrão. A palavra pode ser dura, mas é o que sinto. E como sempre me pugnei por escrever aquilo que entendo, embora procurando (sempre que possível) manter a minha independência profissional, quero partilhar com os poucos que têm a paciência de ler estas linhas, a minha repugnância por esses actos. As palavras podem ser duras, mas entendo que devem ser usadas nos locais e nos momentos adequados. Sobre aqueles que se vendem a troco de algumas centenas ou milhares de euros, é o que me apetece dizer. São, no fundo, os melhores amigos que o dinheiro pode comprar. E isso é, verdadeiramente, triste.
Concordo, por isso, quase na totalidade com o apelo que o vereador do PS Vítor Esgaio fez, recentemente, numa reunião de Câmara. Só foi pena que aquele para quem menos se dirigia as palavras, se tivesse insurgido contra as declarações.
A verdade é que, porém, numa sociedade em que a corrupção, o tráfico de influências ou a cunha são vistas com "normalidade", não se pode pedir a quem não tem princípios, que respeite os outros. Há quem faça de tudo para chegar mais alto, esquecendo que ainda maior será o tombo. Nos tempos da outra senhora, aqueles que faziam parte da situação viveram tempos de abastança e segurança, porque protegiam o ditador. Os que, com sacrifício, lutavam pela liberdade, passavam dificuldades e eram perseguidos. Ainda hoje é assim. Quem se "encosta" aos poderosos, quem é capaz de estar bem com Deus e com o Diabo, lá se vai safando, enquanto a Nazaré se afunda e regride no bem-estar social. Como diria um amigo meu: o fácil é estar com o poder. Mas a vida é feita de ciclos. Felizmente.
segunda-feira, 10 de novembro de 2008
As virtudes da 'marca Nazaré'
A gestão da causa pública deve contar com a participação das pessoas. Mas é preciso pedir e valorizar essas opiniões, pois nenhum autarca sabe tudo
Nem sempre um político representa, na sua plenitude, quem o elege. Aliás, salvo honrosas excepções, na maior parte dos casos o eleito esquece rapidamente as promessas e os pedidos dos eleitores e, alicerçando-se no poder que lhe acaba de ser concedido pelo voto, passa a pensar apenas pela sua própria cabeça.
Explicações para essa alteração comportamental são muitas e variadas. Seja porque não se tem confiança na equipa que dirige ou, pior, porque se julga acima da realidade. As vitórias eleitorais aumentam o ego de quem as conquista e, como se sabe, o homem tem tendência para ouvir quem lhe diz que 'sim' e colocar de lado quem lhe diz que 'não' ou tem dúvidas. Esse paradigma tem de ser, forçosamente, alterado.
É por isso que o processo da 'marca Nazaré' tem méritos que convinha aplicar em muitos pontos da política local e regional. É inquestionável que é da discussão que, por vezes, brotam as boas ideias. E que todos devem ser envolvidos nas questões que dizem respeito ao colectivo e que, por vezes, são resolvidas nos corredores do poder. A gestão da causa pública obriga a decisões transparentes e claras, sob pena de não haver confiança no regime. Por isso, há que dar os parabéns à equipa do IPL responsável pelo estudo, porque chamou alguns representantes das chamadas "forças vivas" do concelho. E chamou alguns, porque seria impraticável chamar todos, por muito que isso custe a alguns que, neste caso, ficaram de "fora" e noutros momentos já estiveram "dentro".
O resultado do estudo da 'marca Nazaré', que será divulgado em Janeiro do próximo ano, pode não agradar a todos os nazarenos, pelo simples facto de que todas as pessoas são diferentes e têm visões distintas do mesmo assunto. Mas, qualquer que seja o resultado, tem uma virtude em comparação com outros estudos do género: não se refugiou nas malfadadas sessões públicas a que ninguém comparece e em que ninguém fala. Antes optou por uma metodologia aberta à discussão e ao fluxo de pensamentos. E isso é algo com que muitos autarcas e gestores públicos deveriam aprender. Assim evitariam algumas das atrocidades que vão cometendo.
Nem sempre um político representa, na sua plenitude, quem o elege. Aliás, salvo honrosas excepções, na maior parte dos casos o eleito esquece rapidamente as promessas e os pedidos dos eleitores e, alicerçando-se no poder que lhe acaba de ser concedido pelo voto, passa a pensar apenas pela sua própria cabeça.
Explicações para essa alteração comportamental são muitas e variadas. Seja porque não se tem confiança na equipa que dirige ou, pior, porque se julga acima da realidade. As vitórias eleitorais aumentam o ego de quem as conquista e, como se sabe, o homem tem tendência para ouvir quem lhe diz que 'sim' e colocar de lado quem lhe diz que 'não' ou tem dúvidas. Esse paradigma tem de ser, forçosamente, alterado.
É por isso que o processo da 'marca Nazaré' tem méritos que convinha aplicar em muitos pontos da política local e regional. É inquestionável que é da discussão que, por vezes, brotam as boas ideias. E que todos devem ser envolvidos nas questões que dizem respeito ao colectivo e que, por vezes, são resolvidas nos corredores do poder. A gestão da causa pública obriga a decisões transparentes e claras, sob pena de não haver confiança no regime. Por isso, há que dar os parabéns à equipa do IPL responsável pelo estudo, porque chamou alguns representantes das chamadas "forças vivas" do concelho. E chamou alguns, porque seria impraticável chamar todos, por muito que isso custe a alguns que, neste caso, ficaram de "fora" e noutros momentos já estiveram "dentro".
O resultado do estudo da 'marca Nazaré', que será divulgado em Janeiro do próximo ano, pode não agradar a todos os nazarenos, pelo simples facto de que todas as pessoas são diferentes e têm visões distintas do mesmo assunto. Mas, qualquer que seja o resultado, tem uma virtude em comparação com outros estudos do género: não se refugiou nas malfadadas sessões públicas a que ninguém comparece e em que ninguém fala. Antes optou por uma metodologia aberta à discussão e ao fluxo de pensamentos. E isso é algo com que muitos autarcas e gestores públicos deveriam aprender. Assim evitariam algumas das atrocidades que vão cometendo.
segunda-feira, 22 de setembro de 2008
Uma Caixa de Pandora
De como um cemitério pode abrir caminho ao funeral de um político
Uns dias depois de o Governo do PS, com a anuência de vários municípios de cores distintas, ter "oferecido" milhões ao Oeste, a Câmara da Nazaré apresta-se para anunciar mais uma obra estruturante. Com a ironia só ao nível de um camafeu disfarçado de político que anda por aí de "boleia" pela nossa praça, poder-se-ia falar de mais um parque subterrâneo, mas como o assunto é muito sério o melhor é elevar o nível. Falo do futuro cemitério da Nazaré, que o presidente da Câmara admitiu vir a pretender criar, assim que o espaço para ampliação do cemitério da Pederneira chegue ao fim dos dias.
Este é um assunto que não pode ser discutido de ânimo leve.
Confesso que não tinha a noção de que Jorge Barroso fosse tão progressista ao ponto de abdicar do cemitério de todos os nazarenos, ainda para mais para permitir que, uns metros ao lado, fosse construído um condomínio privado. Mas, afinal, onde está a minha admiração?
Admito que tinha a ideia de que o presidente da Câmara teria mais sensibilidade para lidar com questões que podem vir a afectar gerações de nazarenos e nazarenas que, todos os dias, se deslocam à Pederneira para visitar os restos mortais daqueles que amavam. E nem os sucessivos "apelos" do "paleco" Reinaldo Silva sobre a importância cultural que o cemitério da Pederneira tem para a população o fizeram vacilar. O autarca nem se coibiu de, tão magistralmente como costuma fazer, atacar a oposição por querer comprar um terreno "de primeira" em termos turísticos, que iria custar milhares de euros aos cofres da Câmara, mas que defenderia o interesse público e, provavelmente, poderia evitar a eventual contestação popular. "Afinal, somos uma Câmara rica. Compramos tudo", glosou, ainda, Barroso, o qual, obviamente, não escapou às piadas colaterais da compra de votos nas sessões do executivo...
Mas, afinal, o que se passa com Jorge Barroso? O que o fez mudar de um dia para o outro? Que políticos malabaristas são estes que tão depressa acusam alguns de arquitectar planos desconcertantes para eleger presidentes de Câmara e, anos depois, concedem entrevistas elogiosas sobre essas mesmas pessoas, ainda por cima a órgãos, no mínimo, duvidosos e a pseudo-jornalistas com segundas intenções que, curiosamente, têm os mesmos nomes dos visados? Onde isto vai parar? Alguém explica como um indivíduo devidamente identificado pela sociedade pode passar de arqui-rival para braço-direito de um autarca? E, a partir daí, querer condicionar e mandar em tudo, com o beneplácito do chefe. E dizer as maiores barbaridades sobre tudo e mais alguma coisa?
Jorge Barroso pode estar a abrir uma Caixa de Pandora, cujas consequências políticas são difíceis de medir. Ou fáceis. Basta abrir os olhos.
Uns dias depois de o Governo do PS, com a anuência de vários municípios de cores distintas, ter "oferecido" milhões ao Oeste, a Câmara da Nazaré apresta-se para anunciar mais uma obra estruturante. Com a ironia só ao nível de um camafeu disfarçado de político que anda por aí de "boleia" pela nossa praça, poder-se-ia falar de mais um parque subterrâneo, mas como o assunto é muito sério o melhor é elevar o nível. Falo do futuro cemitério da Nazaré, que o presidente da Câmara admitiu vir a pretender criar, assim que o espaço para ampliação do cemitério da Pederneira chegue ao fim dos dias.
Este é um assunto que não pode ser discutido de ânimo leve.
Confesso que não tinha a noção de que Jorge Barroso fosse tão progressista ao ponto de abdicar do cemitério de todos os nazarenos, ainda para mais para permitir que, uns metros ao lado, fosse construído um condomínio privado. Mas, afinal, onde está a minha admiração?
Admito que tinha a ideia de que o presidente da Câmara teria mais sensibilidade para lidar com questões que podem vir a afectar gerações de nazarenos e nazarenas que, todos os dias, se deslocam à Pederneira para visitar os restos mortais daqueles que amavam. E nem os sucessivos "apelos" do "paleco" Reinaldo Silva sobre a importância cultural que o cemitério da Pederneira tem para a população o fizeram vacilar. O autarca nem se coibiu de, tão magistralmente como costuma fazer, atacar a oposição por querer comprar um terreno "de primeira" em termos turísticos, que iria custar milhares de euros aos cofres da Câmara, mas que defenderia o interesse público e, provavelmente, poderia evitar a eventual contestação popular. "Afinal, somos uma Câmara rica. Compramos tudo", glosou, ainda, Barroso, o qual, obviamente, não escapou às piadas colaterais da compra de votos nas sessões do executivo...
Mas, afinal, o que se passa com Jorge Barroso? O que o fez mudar de um dia para o outro? Que políticos malabaristas são estes que tão depressa acusam alguns de arquitectar planos desconcertantes para eleger presidentes de Câmara e, anos depois, concedem entrevistas elogiosas sobre essas mesmas pessoas, ainda por cima a órgãos, no mínimo, duvidosos e a pseudo-jornalistas com segundas intenções que, curiosamente, têm os mesmos nomes dos visados? Onde isto vai parar? Alguém explica como um indivíduo devidamente identificado pela sociedade pode passar de arqui-rival para braço-direito de um autarca? E, a partir daí, querer condicionar e mandar em tudo, com o beneplácito do chefe. E dizer as maiores barbaridades sobre tudo e mais alguma coisa?
Jorge Barroso pode estar a abrir uma Caixa de Pandora, cujas consequências políticas são difíceis de medir. Ou fáceis. Basta abrir os olhos.
segunda-feira, 15 de setembro de 2008
Pensar a Nazaré
Da importância da envolvência dos jovens na política e da chamada dos verdadeiros independentes ao debate de ideias
A integração dos jovens na política é um tema que deve dar que pensar a todos. Aos jovens, desde logo, porque são os principais interessados em cumprir um dever de cidadania do qual não se devem demitir. Aos partidos e aos decisores políticos, porque os quadros partidários não caminham para... jovens e já se percebeu, há muito, que o actual modelo está longe de interessar às populações. Uma simples consulta pelos dados estatísticos das eleições prova-o bem.
Há muitos anos que não há uma renovação dos quadros políticos na Nazaré. Desde que, em Dezembro de 1993, o independente Jorge Barroso chegou ao poder contam-se pelos dedos das mãos as caras, efectivamente, novas na política nazarena. Aliás, nesse aspecto só o PSD deu alguns sinais positivos, com as chamadas de Miguel Sousinha, em 1997, e Mafalda Tavares, em 2005, para os executivos. Do lado do PS, Luís Rolim (provavelmente o melhor vereador de oposição das últimas décadas) e Vítor Esgaio surgiram numa fase em que já tinham carreiras profissionais mais maturadas, mas foi o melhor que se arranjou para jovens.
Ao longo dos anos, o município foi sendo gerido por pessoas que estão "agarradas" aos lugares, quer no poder quer na oposição. Ninguém abdica de nada, porque o interesse pessoal se sobrepõe ao interesse colectivo. As lógicas de manutenção dos privilégios e favores prevalece, facilitando a tarefa dos eleitos em continuarem no poder, mas dificultando a abertura a novas sensibilidades e a maneiras distintas de fazer política. A opção é simples: adere-se, ou não, ao famigerado "sistema".
É urgente mudar o "status quo" na Nazaré e só não vê quem não quer.
Há os que dependem da maioria baseada no PSD e para esses não restam dúvidas de que o que o concelho precisa são 20 anos de Barrosismo. São esses que vão sustentar nova candidatura do presidente da Câmara, que vai para a sétima campanha eleitoral: as duas primeiras pelo PRD, as quatro seguintes em que ganhou e a de 2009 pelo moribundo PSD.
Depois, há os que querem uma mudança. Mas essa é uma maioria silenciosa, que não está disposta a entrar num terreno pantanoso que só atrai os incapazes ou os adeptos do facilitismo. E isso é que é preocupante: o alheamento de novos quadros, com formação superior, obrigados a trabalhar fora do concelho e a quem, com o actual modelo político, nunca lhes será dada a oportunidade de contribuir para o futuro da terra que amam. A não ser que abdiquem de algo, claro está...
É mais que urgente pensar a Nazaré. Não se pode andar para norte só porque alguém, que arquitectou um plano que não foi sufragado nas eleições autárquicas, decide. Podemos chegar à conclusão que devemos, afinal, andar para sul, se estudarmos de forma séria as várias opções e os caminhos a seguir.
Antes de escolherem os candidatos às próximas eleições autárquicas, os partidos a nível local deveriam apostar na diferença no que diz respeito à elaboração dos manifestos. A criação de gabinetes de estudos que contem com a colaboração de verdadeiros independentes é, apenas, uma ideia que deixo em cima da mesa. Nenhum candidato (exceptuando Jorge Barroso) estará preparado para gerir a Câmara quando tomar posse. Qualquer candidato a sério tem de fazer, primeiro, o trabalho de casa, antes de se acometer a uma tarefa desta dimensão. Para isso, terá de elaborar um plano estratégico, o que só será possível com a contribuição da sociedade civil. Se os partidos se abrirem aos jovens e aos independentes, pode ser que haja salvação para esta democracia pseudo-representativa.
A integração dos jovens na política é um tema que deve dar que pensar a todos. Aos jovens, desde logo, porque são os principais interessados em cumprir um dever de cidadania do qual não se devem demitir. Aos partidos e aos decisores políticos, porque os quadros partidários não caminham para... jovens e já se percebeu, há muito, que o actual modelo está longe de interessar às populações. Uma simples consulta pelos dados estatísticos das eleições prova-o bem.
Há muitos anos que não há uma renovação dos quadros políticos na Nazaré. Desde que, em Dezembro de 1993, o independente Jorge Barroso chegou ao poder contam-se pelos dedos das mãos as caras, efectivamente, novas na política nazarena. Aliás, nesse aspecto só o PSD deu alguns sinais positivos, com as chamadas de Miguel Sousinha, em 1997, e Mafalda Tavares, em 2005, para os executivos. Do lado do PS, Luís Rolim (provavelmente o melhor vereador de oposição das últimas décadas) e Vítor Esgaio surgiram numa fase em que já tinham carreiras profissionais mais maturadas, mas foi o melhor que se arranjou para jovens.
Ao longo dos anos, o município foi sendo gerido por pessoas que estão "agarradas" aos lugares, quer no poder quer na oposição. Ninguém abdica de nada, porque o interesse pessoal se sobrepõe ao interesse colectivo. As lógicas de manutenção dos privilégios e favores prevalece, facilitando a tarefa dos eleitos em continuarem no poder, mas dificultando a abertura a novas sensibilidades e a maneiras distintas de fazer política. A opção é simples: adere-se, ou não, ao famigerado "sistema".
É urgente mudar o "status quo" na Nazaré e só não vê quem não quer.
Há os que dependem da maioria baseada no PSD e para esses não restam dúvidas de que o que o concelho precisa são 20 anos de Barrosismo. São esses que vão sustentar nova candidatura do presidente da Câmara, que vai para a sétima campanha eleitoral: as duas primeiras pelo PRD, as quatro seguintes em que ganhou e a de 2009 pelo moribundo PSD.
Depois, há os que querem uma mudança. Mas essa é uma maioria silenciosa, que não está disposta a entrar num terreno pantanoso que só atrai os incapazes ou os adeptos do facilitismo. E isso é que é preocupante: o alheamento de novos quadros, com formação superior, obrigados a trabalhar fora do concelho e a quem, com o actual modelo político, nunca lhes será dada a oportunidade de contribuir para o futuro da terra que amam. A não ser que abdiquem de algo, claro está...
É mais que urgente pensar a Nazaré. Não se pode andar para norte só porque alguém, que arquitectou um plano que não foi sufragado nas eleições autárquicas, decide. Podemos chegar à conclusão que devemos, afinal, andar para sul, se estudarmos de forma séria as várias opções e os caminhos a seguir.
Antes de escolherem os candidatos às próximas eleições autárquicas, os partidos a nível local deveriam apostar na diferença no que diz respeito à elaboração dos manifestos. A criação de gabinetes de estudos que contem com a colaboração de verdadeiros independentes é, apenas, uma ideia que deixo em cima da mesa. Nenhum candidato (exceptuando Jorge Barroso) estará preparado para gerir a Câmara quando tomar posse. Qualquer candidato a sério tem de fazer, primeiro, o trabalho de casa, antes de se acometer a uma tarefa desta dimensão. Para isso, terá de elaborar um plano estratégico, o que só será possível com a contribuição da sociedade civil. Se os partidos se abrirem aos jovens e aos independentes, pode ser que haja salvação para esta democracia pseudo-representativa.
domingo, 13 de julho de 2008
As quatro facções do PS
Vítor Esgaio, Walter Chicharro, Isabel Vigia e... António Trindade. Perguntem o que podem fazer pelo PS e não o que o PS pode fazer por vocês.
Ponto prévio: o PS é o único partido organizado na Nazaré (os outros são só para inglês ver). Análise: sendo assim, por que razão é que os senhores que empunham a rosa são incapazes de se entender e criar condições para ganhar eleições autárquicas, já que ganham todas as outras? Conclusão: há militantes mais interessados no que podem ganhar por representarem o partido, do que em servi-lo condignamente.
Ao contrário da leitura imediata que se faz dos resultados nas eleições no PS/Nazaré, a estrutura local não tem três, mas sim quatro facções! Vamos por partes.
A primeira facção é comandada pelo vereador Vítor Esgaio, que escudado nos apoios de Abílio Romão (que alguém considera, e com razão, o verdadeiro líder local do partido) e de Roque Macatrão (ou será Reinaldo Silva?), venceu, à tangente, as eleições.
A segunda corrente é liderada por Walter Chicharro, que talvez tenha perdido o acto eleitoral porque deixou sair um certo professor da sua lista. O deputado municipal quer ser uma lufada de ar fresco, atraiu alguns jovens, mas uma derrota é uma derrota.
No plano interno, falta falar de Isabel Vigia, que fez uma corrida, como os especialistas do atletismo costumam dizer, de trás para a frente. Ficou em último, mas teve mais votos do que muitos esperavam e pode ser o "fiel" da balança.
Resta a quarta facção, que tem origem num não militante. Quer dizer, num ex-militante que nunca deixou, verdadeiramente, de pertencer ao partido. António Trindade pode até ser vereador dos Independentes, mas continua a ser alguém muito respeitado por uma certa franja do partido. Já fez saber que se o PS não o for buscar, avançará novamente com uma lista às próximas autárquicas e esse é um sinal inequívoco de que estamos perante mais uma corrente socialista. A importância de Trindade no universo do PS/Nazaré é tão grande que os vários candidatos à liderança da Concelhia tentaram, directamente ou por interposta pessoa, garantir o seu apoio nas eleições. Oficialmente, sem sucesso. Oficiosamente, com relativo sucesso, ao que consta.
No fundo, estas quatro facções tinham a obrigação de se entenderem, para bem do partido que todos, sem excepção, querem servir. O problema é que as divisões políticas e pessoais são tão grandes, as lutas pelo poder causaram tantos engulhos, que não há acordo possível. O caminho da união no PS é ficcional, o que equivale a dizer que a Câmara vai continuar a ser liderada por um independente que corre com as cores do PSD.
Uma última reflexão. Parafraseando um antigo estadista norte-americano, estes quatro "líderes" de facções do PS deveriam responder ao seguinte desafio: "Pergunta o que podes fazer pelo PS e não o que o PS pode fazer por ti". Talvez o resultado em 2009 fosse diferente do que, tudo indica, vai ser.
Ponto prévio: o PS é o único partido organizado na Nazaré (os outros são só para inglês ver). Análise: sendo assim, por que razão é que os senhores que empunham a rosa são incapazes de se entender e criar condições para ganhar eleições autárquicas, já que ganham todas as outras? Conclusão: há militantes mais interessados no que podem ganhar por representarem o partido, do que em servi-lo condignamente.
Ao contrário da leitura imediata que se faz dos resultados nas eleições no PS/Nazaré, a estrutura local não tem três, mas sim quatro facções! Vamos por partes.
A primeira facção é comandada pelo vereador Vítor Esgaio, que escudado nos apoios de Abílio Romão (que alguém considera, e com razão, o verdadeiro líder local do partido) e de Roque Macatrão (ou será Reinaldo Silva?), venceu, à tangente, as eleições.
A segunda corrente é liderada por Walter Chicharro, que talvez tenha perdido o acto eleitoral porque deixou sair um certo professor da sua lista. O deputado municipal quer ser uma lufada de ar fresco, atraiu alguns jovens, mas uma derrota é uma derrota.
No plano interno, falta falar de Isabel Vigia, que fez uma corrida, como os especialistas do atletismo costumam dizer, de trás para a frente. Ficou em último, mas teve mais votos do que muitos esperavam e pode ser o "fiel" da balança.
Resta a quarta facção, que tem origem num não militante. Quer dizer, num ex-militante que nunca deixou, verdadeiramente, de pertencer ao partido. António Trindade pode até ser vereador dos Independentes, mas continua a ser alguém muito respeitado por uma certa franja do partido. Já fez saber que se o PS não o for buscar, avançará novamente com uma lista às próximas autárquicas e esse é um sinal inequívoco de que estamos perante mais uma corrente socialista. A importância de Trindade no universo do PS/Nazaré é tão grande que os vários candidatos à liderança da Concelhia tentaram, directamente ou por interposta pessoa, garantir o seu apoio nas eleições. Oficialmente, sem sucesso. Oficiosamente, com relativo sucesso, ao que consta.
No fundo, estas quatro facções tinham a obrigação de se entenderem, para bem do partido que todos, sem excepção, querem servir. O problema é que as divisões políticas e pessoais são tão grandes, as lutas pelo poder causaram tantos engulhos, que não há acordo possível. O caminho da união no PS é ficcional, o que equivale a dizer que a Câmara vai continuar a ser liderada por um independente que corre com as cores do PSD.
Uma última reflexão. Parafraseando um antigo estadista norte-americano, estes quatro "líderes" de facções do PS deveriam responder ao seguinte desafio: "Pergunta o que podes fazer pelo PS e não o que o PS pode fazer por ti". Talvez o resultado em 2009 fosse diferente do que, tudo indica, vai ser.
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