Na nossa terra, enquanto houver pão na mesa e bailes de Carnaval, estará tudo bem. O pior vai ser quando cairmos na realidade. Será o momento de pagar uma pesada factura
A falta de participação dos cidadãos na vida política na Nazaré tem muitas consequências no presente, mas terá ainda mais no futuro. Os eleitos não foram, nem são verdadeiramente escrutinados, as suas opções nunca foram verdadeiramente questionadas e, por isso, não nos podemos espantar com o estado a que isto chegou.
Perante uma população amorfa que permite e, por isso, compactua com todos os atropelos institucionais que se conhecem, os "representantes" do povo têm uma grande liberdade de acção, que lhes permite fazer um pouco de tudo, sem que nada lhes aconteça. Os erros acumulam-se, as estratégias desenham-se e voltam a adaptar-se perante as circunstâncias, porque o que importa é manter o poder. Sempre com a justificação de que tudo se faz em prol do desenvolvimento do concelho. Se ainda assim fosse...
A inexistência de uma opinião pública na Nazaré tem muitas explicações possíveis, mas talvez a mais plausível seja até a mais simples: os nazarenos e nazarenas estão-se pouco a borrifar para a comunidade, desde que tenham a comida no prato e continuem as festas e romarias. Querem lá saber das dívidas da Câmara, se o ordenado do filho, do sobrinho ou do afilhado continuar a cair na conta. Aqueles que beneficiam das benesses do poder ficam caladinhos, acenam com a cabeça e recebem o cheque ao fim do mês. Tudo em prol do desenvolvimento, claro está.
O pior virá depois. Sabemos que a Câmara tem uma dívida monumental e que as receitas foram 'maquilhadas' durante anos à custa da construção de blocos de apartamentos e novas urbanizações, enchendo os cofres do município com receitas de licenças e de IMI. O grande problema é que não se usou o 'boom' de receitas que advinham da construção para pôr as contas da Câmara em ordem e acautelar o futuro. Fez-se ainda pior: aumentou-se a dívida mesmo com esse dinheiro e ainda continuamos à espera das grandes obras.
Creio que ainda não nos apercebemos do que vem aí. Depois do Verão, poderemos vir a assistir ao encerramento de algum do pouco comércio que existia na nossa terra. Porque deixámos andar o barco, perdemos o comboio da modernização e da competitividade. Porque continuou a haver comida no prato, empregos para distribuir na Câmara e passagem de ano e Carnaval. Quando chegar a factura é que vai ser o elas.
sexta-feira, 5 de junho de 2009
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1 comentário:
Joaquim, é da conjuntura. Não é local, é nacional para não dizer mundial.
A oposição é semelhante (faz-se ouvir mas a mensagem não passa), a imprensa é à imagem da nacional, as instituições e associações são em tudo iguais às do país (bebe tudo água da fontainha), a juventude não difere do que se assiste noutros locais, os blogues idem aspas aspas, os lideres de opinião, encontras diferenças? Até este comentário generalista não traz nada de novo e só serve para cansar a vista e derreter a paciência.
Opinião pública nazarena? Tu bem sabes que a música dos Xutos foi banida das rádios nacionais.
A nossa gente é mesmo assim, "tem o carnaval na alma".
Ou isto está a caminhar lindamente e para a frente é que é o caminho, ou estamos feitos num oito e vai ser um Deus nos valha.
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