Por onde andam os nazarenos e o que querem para o futuro da terra? As próximas eleições vão explicar muita coisa
Agora que são conhecidos todos os candidatos às próximas eleições autárquicas os partidos vão relembrar-se que as populações, afinal, existem. Até 11 de Outubro, os candidatos Jorge Barroso (PSD), Vítor Esgaio (PS), João Paulo Delgado (CDU) e António José Peixe (BE) vão denotar grandes preocupações com as necessidades dos munícipes e discutir, mais uma vez, os projectos para o concelho.
Qualquer que seja o resultado do próximo acto eleitoral, tudo aponta para que a tendência de bipolarização que se faz sentir na Nazaré desde os aos 90 - e que apenas foi interrompida com a chegada do Grupo de Cidadãos Independentes em 2005 - se mantenha. PSD e PS vão lutar pelo poder, comunistas e bloquistas vão lutar pelo melhor resultado possível, ou seja, evitar uma humilhação, o que seria ficar abaixo dos 200 votos.
Nesse sentido, as próximas eleições vão ser resolvidos por aquilo que alguns gostam de chamar de Bloco Central, mas que na Nazaré também se pode apelidar de maioria silenciosa.
Exceptuando aqueles que vivem sob as asas do poder e daí retiram benefícios económicos que dificilmente poderiam augurar no sector privado, restam poucas dúvidas de que existe na esmagadora maioria dos nazarenos uma grande insatisfação para com o comportamento dos nossos autarcas. E o caso não é para menos. Continuamos a receber promessas de desenvolvimento, de turismo de qualidade, mas o que nos espera depois do Verão vai ser catastrófico. A marina vai voltar a ser bandeira eleitoral, tal como foi em 2001 e 2005. E quem sabe se não será em 2013, só que com outros protagonistas?
O independente que subjuga o PSD já entrou para a história como o presidente da Câmara há mais tempo em funções na Nazaré, pois está no poder há uns impensáveis 16 anos e por lá quer ficar mais 4, atingindo o limite imposto pela lei. Contudo, a insatisfação é latente. Até mesmo dentro do PSD, onde várias figuras já tentaram fazer golpes de Estado contra Jorge Barroso, tentando convencer os responsáveis locais para a necessidade de uma alternativa de futuro. O problema é que, depois, essas mesmas figuras sinistras são capazes de se aliarem ao autarca que abominavam e maldiziam. Quando assim é, está tudo dito.
Do lado do PS há novidades. Quer dizer, meias-novidades. Há muito que se sabia que os Independentes se iam aliar aos socialistas, procurando provar as teorias de que, conjuntamente, forçam um bloco político suficientemente forte para derrubar um PSD que ameaça implodir depois das eleições. O grande problema do PS é a forte divisão interna e a falta de credibilidade de muitos socialistas proeminentes. O self made man Vítor Esgaio tem pela frente uma oportunidade de ouro. Contra algumas expectativas, conseguiu ser candidato do PS e ainda atraiu António Trindade para o burgo socialista. Há quem considere esta união estranha, visando apenas o egoísta objectivo de atingir o poder. Pode até ser. Mas, e do outro lado? O cenário não é, ainda, mais escabroso?
Seja como for, quem quiser ganhar as próximas eleições sabe que terá de convencer a maioria silenciosa que fala nos cafés, mas que não age e que, assim, deixa tudo como está.
terça-feira, 30 de junho de 2009
sexta-feira, 5 de junho de 2009
A factura a pagar
Na nossa terra, enquanto houver pão na mesa e bailes de Carnaval, estará tudo bem. O pior vai ser quando cairmos na realidade. Será o momento de pagar uma pesada factura
A falta de participação dos cidadãos na vida política na Nazaré tem muitas consequências no presente, mas terá ainda mais no futuro. Os eleitos não foram, nem são verdadeiramente escrutinados, as suas opções nunca foram verdadeiramente questionadas e, por isso, não nos podemos espantar com o estado a que isto chegou.
Perante uma população amorfa que permite e, por isso, compactua com todos os atropelos institucionais que se conhecem, os "representantes" do povo têm uma grande liberdade de acção, que lhes permite fazer um pouco de tudo, sem que nada lhes aconteça. Os erros acumulam-se, as estratégias desenham-se e voltam a adaptar-se perante as circunstâncias, porque o que importa é manter o poder. Sempre com a justificação de que tudo se faz em prol do desenvolvimento do concelho. Se ainda assim fosse...
A inexistência de uma opinião pública na Nazaré tem muitas explicações possíveis, mas talvez a mais plausível seja até a mais simples: os nazarenos e nazarenas estão-se pouco a borrifar para a comunidade, desde que tenham a comida no prato e continuem as festas e romarias. Querem lá saber das dívidas da Câmara, se o ordenado do filho, do sobrinho ou do afilhado continuar a cair na conta. Aqueles que beneficiam das benesses do poder ficam caladinhos, acenam com a cabeça e recebem o cheque ao fim do mês. Tudo em prol do desenvolvimento, claro está.
O pior virá depois. Sabemos que a Câmara tem uma dívida monumental e que as receitas foram 'maquilhadas' durante anos à custa da construção de blocos de apartamentos e novas urbanizações, enchendo os cofres do município com receitas de licenças e de IMI. O grande problema é que não se usou o 'boom' de receitas que advinham da construção para pôr as contas da Câmara em ordem e acautelar o futuro. Fez-se ainda pior: aumentou-se a dívida mesmo com esse dinheiro e ainda continuamos à espera das grandes obras.
Creio que ainda não nos apercebemos do que vem aí. Depois do Verão, poderemos vir a assistir ao encerramento de algum do pouco comércio que existia na nossa terra. Porque deixámos andar o barco, perdemos o comboio da modernização e da competitividade. Porque continuou a haver comida no prato, empregos para distribuir na Câmara e passagem de ano e Carnaval. Quando chegar a factura é que vai ser o elas.
A falta de participação dos cidadãos na vida política na Nazaré tem muitas consequências no presente, mas terá ainda mais no futuro. Os eleitos não foram, nem são verdadeiramente escrutinados, as suas opções nunca foram verdadeiramente questionadas e, por isso, não nos podemos espantar com o estado a que isto chegou.
Perante uma população amorfa que permite e, por isso, compactua com todos os atropelos institucionais que se conhecem, os "representantes" do povo têm uma grande liberdade de acção, que lhes permite fazer um pouco de tudo, sem que nada lhes aconteça. Os erros acumulam-se, as estratégias desenham-se e voltam a adaptar-se perante as circunstâncias, porque o que importa é manter o poder. Sempre com a justificação de que tudo se faz em prol do desenvolvimento do concelho. Se ainda assim fosse...
A inexistência de uma opinião pública na Nazaré tem muitas explicações possíveis, mas talvez a mais plausível seja até a mais simples: os nazarenos e nazarenas estão-se pouco a borrifar para a comunidade, desde que tenham a comida no prato e continuem as festas e romarias. Querem lá saber das dívidas da Câmara, se o ordenado do filho, do sobrinho ou do afilhado continuar a cair na conta. Aqueles que beneficiam das benesses do poder ficam caladinhos, acenam com a cabeça e recebem o cheque ao fim do mês. Tudo em prol do desenvolvimento, claro está.
O pior virá depois. Sabemos que a Câmara tem uma dívida monumental e que as receitas foram 'maquilhadas' durante anos à custa da construção de blocos de apartamentos e novas urbanizações, enchendo os cofres do município com receitas de licenças e de IMI. O grande problema é que não se usou o 'boom' de receitas que advinham da construção para pôr as contas da Câmara em ordem e acautelar o futuro. Fez-se ainda pior: aumentou-se a dívida mesmo com esse dinheiro e ainda continuamos à espera das grandes obras.
Creio que ainda não nos apercebemos do que vem aí. Depois do Verão, poderemos vir a assistir ao encerramento de algum do pouco comércio que existia na nossa terra. Porque deixámos andar o barco, perdemos o comboio da modernização e da competitividade. Porque continuou a haver comida no prato, empregos para distribuir na Câmara e passagem de ano e Carnaval. Quando chegar a factura é que vai ser o elas.
terça-feira, 21 de abril de 2009
Os amigos que o dinheiro pode comprar
Há quem mude de opinião como quem muda de camisa. Basta haver um cheque ao fim do mês
Depois de muitos meses de ausência (e na sequência dos pedidos de aproximadamente três pessoas), estou de volta a estas lides. Neste período de interregno, nunca me senti verdadeiramente motivado para prosseguir com este espaço e, fundamentalmente, para escrever sobre aquilo que entendo estar mal na minha terra. Uma sábia decisão que terá, possivelmente, surgido pelo simples facto de ter chegado à inapelável conclusão de que denunciar situações menos claras, manipulações de massas, chantagens ou outras que tais, de nada vale na sociedade da Nazaré. Antes pelo contrário, podemos até arranjar bons inimigos, pois claro.
Serve a presente para dizer que abomino todos aqueles que, pelo simples facto de receberem um chequezinho ao fim do mês, se esquecem de tudo aquilo que pensavam e diziam nas ruas, nos cafés ou até nos jornais, sobre o patrão. A palavra pode ser dura, mas é o que sinto. E como sempre me pugnei por escrever aquilo que entendo, embora procurando (sempre que possível) manter a minha independência profissional, quero partilhar com os poucos que têm a paciência de ler estas linhas, a minha repugnância por esses actos. As palavras podem ser duras, mas entendo que devem ser usadas nos locais e nos momentos adequados. Sobre aqueles que se vendem a troco de algumas centenas ou milhares de euros, é o que me apetece dizer. São, no fundo, os melhores amigos que o dinheiro pode comprar. E isso é, verdadeiramente, triste.
Concordo, por isso, quase na totalidade com o apelo que o vereador do PS Vítor Esgaio fez, recentemente, numa reunião de Câmara. Só foi pena que aquele para quem menos se dirigia as palavras, se tivesse insurgido contra as declarações.
A verdade é que, porém, numa sociedade em que a corrupção, o tráfico de influências ou a cunha são vistas com "normalidade", não se pode pedir a quem não tem princípios, que respeite os outros. Há quem faça de tudo para chegar mais alto, esquecendo que ainda maior será o tombo. Nos tempos da outra senhora, aqueles que faziam parte da situação viveram tempos de abastança e segurança, porque protegiam o ditador. Os que, com sacrifício, lutavam pela liberdade, passavam dificuldades e eram perseguidos. Ainda hoje é assim. Quem se "encosta" aos poderosos, quem é capaz de estar bem com Deus e com o Diabo, lá se vai safando, enquanto a Nazaré se afunda e regride no bem-estar social. Como diria um amigo meu: o fácil é estar com o poder. Mas a vida é feita de ciclos. Felizmente.
Depois de muitos meses de ausência (e na sequência dos pedidos de aproximadamente três pessoas), estou de volta a estas lides. Neste período de interregno, nunca me senti verdadeiramente motivado para prosseguir com este espaço e, fundamentalmente, para escrever sobre aquilo que entendo estar mal na minha terra. Uma sábia decisão que terá, possivelmente, surgido pelo simples facto de ter chegado à inapelável conclusão de que denunciar situações menos claras, manipulações de massas, chantagens ou outras que tais, de nada vale na sociedade da Nazaré. Antes pelo contrário, podemos até arranjar bons inimigos, pois claro.
Serve a presente para dizer que abomino todos aqueles que, pelo simples facto de receberem um chequezinho ao fim do mês, se esquecem de tudo aquilo que pensavam e diziam nas ruas, nos cafés ou até nos jornais, sobre o patrão. A palavra pode ser dura, mas é o que sinto. E como sempre me pugnei por escrever aquilo que entendo, embora procurando (sempre que possível) manter a minha independência profissional, quero partilhar com os poucos que têm a paciência de ler estas linhas, a minha repugnância por esses actos. As palavras podem ser duras, mas entendo que devem ser usadas nos locais e nos momentos adequados. Sobre aqueles que se vendem a troco de algumas centenas ou milhares de euros, é o que me apetece dizer. São, no fundo, os melhores amigos que o dinheiro pode comprar. E isso é, verdadeiramente, triste.
Concordo, por isso, quase na totalidade com o apelo que o vereador do PS Vítor Esgaio fez, recentemente, numa reunião de Câmara. Só foi pena que aquele para quem menos se dirigia as palavras, se tivesse insurgido contra as declarações.
A verdade é que, porém, numa sociedade em que a corrupção, o tráfico de influências ou a cunha são vistas com "normalidade", não se pode pedir a quem não tem princípios, que respeite os outros. Há quem faça de tudo para chegar mais alto, esquecendo que ainda maior será o tombo. Nos tempos da outra senhora, aqueles que faziam parte da situação viveram tempos de abastança e segurança, porque protegiam o ditador. Os que, com sacrifício, lutavam pela liberdade, passavam dificuldades e eram perseguidos. Ainda hoje é assim. Quem se "encosta" aos poderosos, quem é capaz de estar bem com Deus e com o Diabo, lá se vai safando, enquanto a Nazaré se afunda e regride no bem-estar social. Como diria um amigo meu: o fácil é estar com o poder. Mas a vida é feita de ciclos. Felizmente.
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