Há quem mude de opinião como quem muda de camisa. Basta haver um cheque ao fim do mês
Depois de muitos meses de ausência (e na sequência dos pedidos de aproximadamente três pessoas), estou de volta a estas lides. Neste período de interregno, nunca me senti verdadeiramente motivado para prosseguir com este espaço e, fundamentalmente, para escrever sobre aquilo que entendo estar mal na minha terra. Uma sábia decisão que terá, possivelmente, surgido pelo simples facto de ter chegado à inapelável conclusão de que denunciar situações menos claras, manipulações de massas, chantagens ou outras que tais, de nada vale na sociedade da Nazaré. Antes pelo contrário, podemos até arranjar bons inimigos, pois claro.
Serve a presente para dizer que abomino todos aqueles que, pelo simples facto de receberem um chequezinho ao fim do mês, se esquecem de tudo aquilo que pensavam e diziam nas ruas, nos cafés ou até nos jornais, sobre o patrão. A palavra pode ser dura, mas é o que sinto. E como sempre me pugnei por escrever aquilo que entendo, embora procurando (sempre que possível) manter a minha independência profissional, quero partilhar com os poucos que têm a paciência de ler estas linhas, a minha repugnância por esses actos. As palavras podem ser duras, mas entendo que devem ser usadas nos locais e nos momentos adequados. Sobre aqueles que se vendem a troco de algumas centenas ou milhares de euros, é o que me apetece dizer. São, no fundo, os melhores amigos que o dinheiro pode comprar. E isso é, verdadeiramente, triste.
Concordo, por isso, quase na totalidade com o apelo que o vereador do PS Vítor Esgaio fez, recentemente, numa reunião de Câmara. Só foi pena que aquele para quem menos se dirigia as palavras, se tivesse insurgido contra as declarações.
A verdade é que, porém, numa sociedade em que a corrupção, o tráfico de influências ou a cunha são vistas com "normalidade", não se pode pedir a quem não tem princípios, que respeite os outros. Há quem faça de tudo para chegar mais alto, esquecendo que ainda maior será o tombo. Nos tempos da outra senhora, aqueles que faziam parte da situação viveram tempos de abastança e segurança, porque protegiam o ditador. Os que, com sacrifício, lutavam pela liberdade, passavam dificuldades e eram perseguidos. Ainda hoje é assim. Quem se "encosta" aos poderosos, quem é capaz de estar bem com Deus e com o Diabo, lá se vai safando, enquanto a Nazaré se afunda e regride no bem-estar social. Como diria um amigo meu: o fácil é estar com o poder. Mas a vida é feita de ciclos. Felizmente.
terça-feira, 21 de abril de 2009
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